EM NOTA, DIVAIR DEIXA O PARTIDO DOS TRABALHADORES

A sabedoria vem bem depois da inteligência, ser sábio é demonstrar atitudes inteligentes os dois tem que estar juntos para que possamos assim alcançar o sucesso na vida, esta foi a atitude do Ex-Presidente do Partido dos Trabalhadores de Arapoti, DIVAIR DA SILVA, vereador por dois mandatos e candidato também a prefeito por uma vez e a vice na eleição municipal que se findou.

Como presidente da câmara foi ele que iniciou o projeto de construção da nova casa de leis e autor de diversas leis que beneficiam a população arapotiense, um político com atitudes transparentes e seriedade, tão raros hoje no meio, pois o que vimos é uma avalanche de corrupção na política, um pais totalmente quebrado e as investigações do Ministério Público, na lava jato, demonstra toda a sujeira em nosso pais, uma verdadeira sujeira mesmo.

Em nota, Divair, esclarece que é uma decisão pessoal, e que não quer assim influenciar outros filiados, mas entendo que tomou a decisão certa, defender bandidos, isso não dá mesmo.

“O PT chegou à Presidência por força dos movimentos sociais. E, ao chegar, abandonou os movimentos, não assegurou a governabilidade por meio deles. Preferiu a via do mercado e do Congresso, com as alianças partidárias, muitas delas espúrias. Isso levou o PT a trocar um projeto de Brasil, que implicava em reformas estruturais, por um projeto de poder. Manter-se no poder se tornou mais importante do que mudar a feição estrutural deste país injusto e desigual, embora as políticas tenham diminuído o sofrimento dos mais pobres”. Divair da Silva.

Veja a nota:

CHEGOU O MOMENTO ...

Em 1988, quando então era militante da Pastoral de Juventude da Igreja Católica fui participar de um encontro de Pastoral da Juventude no Meio Popular – PJMP em Guarapuava. O companheiro Jaci foi comigo. Naquele encontro tivemos contato mais próximos com a Política, e é assim mesmo, com P maiúsculo. Percebemos a importância de nos engajarmos num partido e depois de alguma análise concluímos que o PT vinha de encontro àquilo que buscávamos. A partir daí acalentamos um sonho, uma utopia: uma sociedade justa, igualitária, com o poder a serviço do povo.

Em 1989, Jaci, eu e mais dois companheiros fizemos a campanha de Lula Presidente, sem nenhum material vindo de fora, fazíamos panfletos na máquina de escrever e reproduzíamos. Tivemos que fugir da polícia, correr de perseguições, mas estávamos felizes, pois vislumbrávamos a possibilidade do nosso sonho vir a acontecer. 

Em 1990 conseguimos arregimentar um bom número de companheiros e formalizar o PT em Arapoti, lembro bem de uma cena, de um sábado chuvoso, o Osmair e eu buscando convencer companheiros a se filiarem para podermos criar o diretório. Nenhum de nós tinha carro, o melhor veículo que tínhamos era uma bicicleta.

Desde a fundação participamos de todas as campanhas nacionais, estaduais e municipais. Fui candidato a vereador em 1996 e 2000. Candidato a deputado estadual em 1998. Candidato a prefeito em 2004 e 2008. Candidato a vice prefeito em 2012. 

Perdi companheiros que morreram por causa da ética.

Deixei diversas vezes meus filhos para poder trabalhar pelo partido. A Elenira com três anos já fazia campanha. O Ernesto no pré escolar, quando a professora ensinava cores, no momento em que viu o vermelho disse: “é o PT do pai”.

Quando fui vereador, por dois mandatos, segui religiosamente as orientações do partido. Sempre contribui financeiramente, e naquela época nem havia o SACE, eu repassava o valor ao diretório municipal sem nenhum atraso. 

Em todas as eleições municipais tivemos dificuldade para alianças, mas sempre seguimos a determinação das instâncias do Partido. Deixamos de fazer alianças que nos trariam bons resultados, mas como aquele ou este partido não podia por causa da estratégia nacional, nos submetíamos. Hoje, porém vemos o PT coligado e aliado com as mesmas siglas.

O Partido engessa os diretórios dos municípios menores, que tem uma dinâmica totalmente diferente dos grandes centros e das estratégias nacionais.

Sempre tivemos dificuldades nas nossas campanhas. A rejeição sempre foi grande, mas nós a enfrentávamos, porque tínhamos uma perspectiva nacional.

O PT em Arapoti sempre foi como uma família. Aqui quando chamamos um ao outro de companheiro, não é mero formalismo, companheiro quer dizer irmão. Tenho o maior apreço por cada um. 

Na minha opinião a cúpula do partido há algum tempo passou a se preocupar somente com vencer eleições e manter-se no poder. Faço coro às palavras de Frei Beto: “O PT chegou à Presidência por força dos movimentos sociais. E, ao chegar, abandonou os movimentos, não assegurou a governabilidade por meio deles. Preferiu a via do mercado e do Congresso, com as alianças partidárias, muitas delas espúrias. Isso levou o PT a trocar um projeto de Brasil, que implicava em reformas estruturais, por um projeto de poder. Manter-se no poder se tornou mais importante do que mudar a feição estrutural deste país injusto e desigual, embora as políticas tenham diminuído o sofrimento dos mais pobres”.

Quero fazer uma exceção ao Deputado Tadeu Veneri, que dos principais expoentes do partido é um dos poucos que não se deixou seduzir pelos holofotes e manteve a essência do nascedouro: ouvir as base e estar junto a elas.

Não quero influenciar ninguém. Cada filiado tem a capacidade de discernir o que é bom para si e para a coletividade. A decisão é pessoal.

Na nossa vida há momentos em que precisamos tomar decisões que nos são muito dolorosas. Para mim é chegado o momento de tomar a difícil decisão de deixar o Partido dos Trabalhadores. Aquela utopia que falava no início não me parece que conseguirei se continuar nas fileiras do PT. Deixo o PT para seguir a minha utopia cristã. Não abandono a luta, apenas mudo de trincheira.

DIVAIR DA SILVA