O excesso de
tecnologia está afetando a função motora e cognitiva da nova geração de
crianças. O professor brasiliense, Luis Felipe, tem 33 anos e é pai de Cauê de
apenas dez. Por muitos anos, Luis recorreu à tecnologia para entreter o filho
enquanto trabalhava em casa. O garoto, que também foi diagnosticado com
Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade, o TDAH, aos sete anos,
precisa hoje de tratamento para reabilitar os movimentos das pernas e algumas
funções cerebrais. Luis conta quando percebeu que o filho precisava de ajuda.
"Quando o Cauê tinha sete anos, nós o levamos ao neurologista e foi diagnosticado TDAH. A gente já tava vendo que ele tava um pouquinho atrás no aprendizado em relação aos colegas dele, a letra dele tava muito feia e ai, como parte do tratamento do TDAH, ele começou a fazer natação, com psicologia, fonoaudiologia e também veio a restrição de vídeo-game. Foi esse médico que me falou: olha, só uma hora por dia só nos finais de semana e se tiver nota boa".
A especialista em função Neuropsicomotora, Ana Paula de Aguiar, trabalha com crianças nesta situação diariamente. Ela explica que a tecnologia e a forma como os pais lidam com os filhos, influenciam além das funções motoras, o aprendizado e a vida cotidiana. Para Ana Paula, uma mudança na rotina pode ajudar no tratamento.
Especialista
em função Neuropsicomotora, Ana Paula de Aguiar
"O que vem acontecendo na realidade, por conta das crianças estarem muito tempo sentadas na frente da televisão, de computador, usando o ipad, na hora que vai fazer as atividades neuropsicomotoras como rolar, engatinhar algumas etapas básicas, a gente percebe nitidamente, os pais começam a perceber também, que as crianças estão desmembrando o processo perceptual, dos membros inferiores em relação aos membro superiores. Se eu peço para a criança rastejar, em geral ela atualmente, ela não usa mais o pé para fazer o impulso. O que a gente pode fazer é durante a semana, evitar o máximo de jogos de computador e chegar ao final de semana fazer atividades, andar de skate, de bicicleta, fazer corrida, caminhada."
Ainda segundo a terapeuta, problemas como o de Cauê podem ser tratados até os 40 anos de idade, quando o corpo ainda aceita uma reabilitação. Mesmo com o tratamento, os excessos de tecnologias refletem na profissão que Cauê já escolheu.
"quando eu crescer eu quero ser, criador de vídeo-game".
A
Academia Americana de Pediatria e a Sociedade Canadense de Pediatria realizaram
um estudo onde foi sugerido o limite no qual os pais podem expor seus filhos à
tecnologia. No levantamento, crianças de zero a dois anos não devem ter nenhum
contato com os aparelhos eletrônicos; as de três a cinco anos devem ter o
acesso restrito a uma hora por dia e para crianças de seis a 18 anos, o recomendável
é que tenham apenas duas horas no uso de tablets e computadores
diariamente. A pesquisa também revelou também que as crianças hoje estão usando
a tecnologia de quatro a cinco vezes mais do que o recomendado.
" Criança tem que brincar, correr, pular.... ser criança"
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