Letícia e Adrian, antes do casamento, na praia de Varadero, em Cuba (Foto: Arquivo Pessoal).
Letícia Pedroso e Adrian Barber esperaram 10 meses por decisão judicial.
Casal vai decidir se fica no Brasil após fim do contrato do 'Mais Médicos'.
Gizele SilvaDo G1 PR
O amor à primeira vista entre a farmacêutica Letícia Pedroso e o médico cubano Adrian Barber demorou cerca de um ano e meio para virar casamento. A espera, porém, não foi escolha do casal, que passou a morar junto dois meses após se conhecer, em Arapoti, na região dos Campos Gerais do Paraná. A união só foi possível depois de ser resolvido um impasse judicial, motivado pelo fato de o noivo ser do Programa Mais Médicos.
A 'novela' começou quando o casal deu entrada ao pedido de casamento no cartório de Arapoti. Quando os nomes foram publicados em edital, um juiz da cidade se opôs à união, já que o noivo é estrangeiro e tem permanência temporária no Brasil por meio do Mais Médicos. O caso foi, então, encaminhado à Justiça Federal, que deu o mesmo parecer.
O pedido de casamento foi parar no Superior Tribunal de Justiça (STJ), que finalmente, considerou que a situação deveria ser analisada em primeiro grau, no Fórum de Arapoti.
Após o processo voltar ao Paraná, o Judiciário ainda pediu a análise do Ministério Público do Paraná (MP-PR). O parecer foi favorável. A autorização saiu no dia 23 de junho de 2015.
Eles se casaram no civil no dia 25 de junho. “Quando a moça do cartório me ligou e disse: 'você quer casar? Está liberada!' Eu nem acreditei”, afirma. A boa notícia animou o casal, que estava perdendo a esperança. "Ficamos desanimados com a demora", lembra a noiva.
O casal disse que a autorização cubana foi rápida. “Precisávamos da certidão de nascimento e de um comprovante de que ele era solteiro. Aí, um parente dele em Cuba providenciou os documentos e nos mandou pelos correios”, afirma.
Sobre a espera, a noiva disse que procurou várias vezes o Judiciário e a resposta era sempre a mesma. “Eles diziam que o processo estava na fila e que eu tinha que esperar”, aponta.
'Amigo interessante'
Letícia, de 42 anos, conheceu Adrian, de 28, por meio de um amigo em comum no início de 2014. Ele tinha chegado em Arapoti havia 15 dias para trabalhar na Unidade Básica de Saúde (UBS) da Vila Romana. Adrian e o amigo foram até a farmácia de Letícia para conversarem.
“Quando eles saíram eu mandei uma mensagem para o meu amigo dizendo que ele tinha um amigo muito interessante”, lembra. Em seguida, os futuros noivos começaram a trocar mensagens e a namorar.
Segundo Letícia, em dois meses, eles já estavam morando juntos na quitinete do médico. “Fomos morar juntos em maio [de 2014] e, em junho, nós noivamos. Ele me pediu em casamento em um almoço de família, foi tudo muito lindo”, recorda.
Vamos passar juntos o que tivermos que passar"
Letícia Barber
Letícia e Adrian viajaram a Cuba a passeio, em 2014, mas o futuro ainda é incerto. Se ficar no Brasil, o médico terá que fazer o Revalida, que é um exame aplicado pelo governo brasileiro em médicos formados fora do país.
Ela declara a preferência por continuar em Arapoti, mas salienta que a decisão será tomada em conjunto. “Vamos passar juntos o que tivermos que passar”, considera.
'Mais Médicos'
Conforme o Ministério da Saúde, o contrato do Programa Mais Médicos no Brasil não tem ingerência sobre a vida pessoal dos médicos estrangeiros contratados.
O acompanhamento é feito apenas com relação ao cumprimento do trabalho. Ainda segundo o Ministério, após o fim do contrato, a decisão de retornar ao país de origem cabe ao profissional.
O programa foi criado em 2013 pelo governo federal para aumentar a oferta de médicos em cidades com poucos profissionais. O contrato com é válido por três anos, podendo ser prorrogado por mais três. Hoje são cerca de 18 mil médicos contratados pelo programa.
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