A empresa Simopar que é a principal
controladora do grupo LIBERATTI, antigas lojas Santa Terezinha, encerrou suas
atividades no ramo moveleiro em 69 lojas, espalhadas em todo o Brasil,
demitindo assim 400 funcionários.
Veja matéria completa publicada
pelo jornalista Benedito Francisquini do Jornal Tribuna do Vale de Santo
Antônio da Platina.
Liberatti fecha 69 lojas e demite mais de 400
funcionários em três estados
Empresa pede recuperação judicial e mantém 23 lojas no
Paraná
Por Benedito Francisquini/Tribuna do Vale
A
rede de lojas de móveis e eletrodomésticos que leva a marca Liberatti,
controlada pela empresa Simopar Móveis Ltda, que tem como acionistas
controladores o atual prefeito de Ibaiti, Roberto Regazzo, o Betão, e seu
filho, Pedro Henrique Regazzo, são a mais recente companhia do setor que se
dobra a crise que assola o país.
Em
entrevista exclusiva que concedeu em seu gabinete, na prefeitura, Betão, como é
mais conhecido, anunciou o fechamento de 69 de suas 92 lojas espalhadas pelos
estados do Paraná, São Paulo e Rondônia, com a consequente demissão de mais de
400 funcionários.
Diante
do agravamento da situação financeira, a direção da empresa, segundo seu
diretor, ingressou na comarca de Ibaiti com um pedido de recuperação judicial,
medida semelhante à antiga concordata, que estabelece um período de, no mínimo,
dois anos para que companhias em crise possam se estruturar para iniciar o pagamento
de seus credores.
A
gestão do grupo, que soma ainda uma fábrica de colchões e estofados em Ibaiti,
está a cargo do jovem Pedro Henrique Regazzo, 25 anos, desde que o pai assumiu
a prefeitura de Ibaiti, onde fica a sede do grupo. Mas quem falou pela empresa
foi Betão, que desde criança trabalhava na antiga Casa Santa Terezinha, fundada
pelo falecido pai, Liberato Regazzo, um descendente de italianos, que com a
ajuda dos quatro filhos, montou um império considerável com lojas espalhadas
por várias regiões do Paraná e outros estados, fábricas e fazendas de gado.
Maldição
A “maldição”
que recaiu sobre Roberto Regazzo, segundo conta, começou quando se lançou na
política. Ele se diz vítima de cinco incêndios criminosos, que consumiu uma
fortuna calculada em R$ 18 milhões de suas empresas. Primeiro atearam fogo na
fábrica de colchões e estofados de Ibaiti. Segundo ele, “a perícia constatou
incêndio proposital com uso de garrafas pet cheias de combustível, espalhando
destruição numa área extremamente inflamável”.
O mesmo “modus
operandi” foi usado na loja de Telêmaco Borba, a única com seguro, no depósito
de móveis e estofados de Jaciara (MT), com perda de R$ 4 milhões; em Rondônia,
com a destruição de uma fábrica de colchões e estofados, com prejuízo avaliado em
R$ 10 milhões. “Chegamos a oferecer R$ 100 mil a quem apontasse o autor ou
autores desses crimes, mas até hoje esses incêndios continuam um mistério”,
conta desolado.
Crise
Mas não foram
os incêndios que vergaram os Regazzo. Aliado a esse quadro catastrófico, vem o
desemprego, com reflexos negativos em que continua trabalhando. “O clima é de
depressão. O trabalhador foge das compras a prazo, temendo ser o próximo
demitido”, observa lacônico.
Betão
conta que nos últimos meses os números diários em sua empresa eram cada vez
mais assustadores. Enquanto a inadimplência da clientela saltava para R$ 28
milhões, o faturamento das lojas despencava. De um faturamento diário que
variada de R$ 400 mil a R$ 450 mil, passaram a entrar nos caixas das lojas,
minguados R$ 80 mil.
Antes
disso, a contabilidade inexorável mostrava um déficit mensal de R$ milhão,
conta Roberto Regazzo. O caminho foi o fechamento de todas as lojas de Rondônia
e São Paulo e algumas no Paraná. A última loja a cerrar suas portas será a
unidade de Santo
Antônio da Platina,
que vai funcionar até o próximo dia 28. “Esta loja sempre foi deficitária,
nunca deu lucro”, justifica. O total de demissões passa de 400 trabalhadores,
mas deve crescer um pouco mais.
Sobre o
passivo trabalhista, Beto Regazzo disse que a empresa fez proposta de pagamento
das indenizações em quatro parcelas. O sindicato dos trabalhadores rejeitou a
proposta e, agora, terá que esperar a decisão da justiça, que analisa o pedido
de recuperação judicial.
Crise
se espalha
Regazzo conta
que a situação da Rede Liberatti não é caso isolado. Segundo ele, a crise toma
conta do setor. Redes gigantes como Daron e Simball, estão sob recuperação
judicial. “Meu filho conta que já recebeu consultas de pelo menos 15 varejistas
e pequenas redes de lojas pedindo informações sobre recuperação judicial. A
situação é grava”, finaliza.
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